Esgoto-me de repetir as mesmas velhas palavras
De novo e de novo
Mas não há nada de diferente a se dizer
Presa em um ciclo vicioso
O mesmo sofrimento
Em diferentes palavras e idades
Em diferentes línguas e maneiras
Em diferentes graus e maturidades
Mas tudo continua exatamente igual
Ando arrastando as mesmas correntes
Sangro das mesmas feridas
Chorando as mesmas agonias
Percorro o caminho de pedras e espinhos
Esperando encontrar as pétalas no fim
Quando há este fim de chegar?
Espero e caminho, não posso trazê-lo até mim
Espero e caminho, até que tudo esteja escuro, enfim
Os gritos de desespero jogados ao abismo
Hão de retornar
Quando já não estiver aqui
Alguém há de escutar
Alguém há de se lembrar que não fui toda dor
E que existiu alguém vivo onde hoje eu estou
Que houveram desejos e pedidos negados
Antes do silencio
Que houve riso antes dos tantos choros amargos
E as palavras que ninguém leu
Hão de ser a chave para desvendar
Tudo aquilo que havia por trás do silencio
De alguém que hoje já não pode mais falar.
De alguém que sobreviveu da dor
Como pessoas sobrevivem de ar
Pois foi tudo que restou
Ao condor que nunca voou
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